Dia desses estava eu dando um mergulho no rio represado do condomínio quando ouvi o síndico conversando com um grupo de moradores. Ele reclama da falta de educação de nós, baianos. Ele, claro, não era daqui, mas mora no Estado há anos e por isso podia falar com conhecimento de causa. Em seu discurso falava como as pessoas deixam o latinhas de cerveja na beira do rio, subiam nas árvores frágeis, arrancavam frutos ainda verdes, jogavam bola em locais inapropriados, levavam embora vasos de flores ou mudas de árvores recem plantas na área comum a todos, quebravam os equipamentos de lazer recem colocados, entre outras coisas. Detalhe: o condomínio fica em Jauá, com mansões para todos os gostos, uma mais linda e enorme do que a outra.
Inicialmente sua fala me incomodou. Afinal sou baiano!! O bairrismo saltou à minha cabeça e a língua começou a coçar. Como pode um "forasteiro" vir falar de minha gente, do meu povo, de mim!!!!
Mas, antes que eu pudesse me intrometer na conversa algumas cenas começaram a passar como filme em minha cabeça. Lembrei do dia em que vi uma senhora jogar pela janela do ônibus um sabugo de milho que ela acabara de comer; De um rapaz que jogava milhares de santinhos da janela de seu carro em movimento; Da imundice que é qualquer banheiro público ou estação de transporte em nossa cidade; Das pessoas que colocam lixo nos locais de coleta depois que o carro do lixo passa; Da quantidade de chicletes colados no chão da estação mussurunga, que quase não se vê o asfalto; Da quantidade de sacos plásticos e outros tipos de materiais depositados no mar da Ribeira; Do fedor de urina de alguns becos, ruas, praças e calçadas; Das pessoas que roubam fios de cobre da iluminação pública; Dos equipamentos públicos de lazer quebrados sem nem ao menos serem inaugurados; Das barbeiragens e desrespeitos no trânsito da cidade.... A lista é enorme!!
Automaticamente, fui traçando um paralelo com outras cidades que visitei como Curitiba, São Paulo, Brasília e Recife. A constatação não poderia ser pior: realmente, o síndico tem razão. Eu não tinha argumentos... preferi não entrar na contenda.
Nosso povo ainda é muito mal educado. Parece-me que ainda vivemos no tempo do Brasil Colônia, onde Salvador, apesar do status de capital primaz do Brasil, ainda era uma província. Aliás, até hoje nossa cidade (incluso seus moradores e representantes do poder público) se comporta com provinciana.
Amo a minha cidade. Aqui é o berço do Brasil, celeiro da cultura motriz que impulsiona nosso imaginário coletivo e que nos identifica. Contudo, é lastimável que na nossa "Roma Negra" a falta de educação fale muito mais alto.
Me escute ai!
Faz um tempo que queria fazer um blog, escrever sobre um monte de coisas, mas me faltavam coisas para falar. Mas hoje, motivado pela dor, resolvi dar cabo a esse desejo danado. Espero mesmo que eu não escreva aqui somente sobre as minhas dores, quero mesmo é compartilhar tudo: momentos bons e ruins, sucessos e fracassos, amores e desamores. Enfim... um pouco de tudo.... um pouco de mim.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Intolerância religiosa aqui não, viu, mô pai!
Passeando ontem pelo facebook, me deparei com este triste relato de um amigo. Confiram:
"Ontem na ‘QUARTA’, pela tarde sai de minha casa na Federação pra ir ao ensaio da “ PAIXAO DE CRISTO” na Concha acústica do TCA com a direção de Paulo Dourado . Meu ensaio começa as 18 Horas,como tinha prova de figurino , sai de casa as 17 horas. Fui a PE pra economizar grana e tempo.
Subindo o canela passei por um ponto de ônibus,onde duas senhoras se benzeram e me chamaram de ‘praga do mundo’,na hora não entendi o porque.Mas passei a mao no meu pescoço.uma coisa comum que faço sempre e senti as minhas guias de “DANDALUNDA” e de “ OYA MATAMBA”,olhei para traz e me veio coisas ruins na cabeça. Mas, com a mao nas guias ainda senti um vento em pleno viaduto e continuei meu caminho, precisava me realizar no meu trabalho. Duas mulheres na rua me chamando de ‘Praga do mundo’ .
E dois Orixás feminino no meu corpo me defendendo e me guiando. O candomblé é minha religião! Escudo que me protege da maldade e da falta de respeito,que me realiza enquanto ser humano e divino que sou.
Pensei em voltar ,fazer barulho ,chamar policia... Mas o que tenho no meu “ ORI ” foi bem mas forte, e naquele momento eu era soberano,pois estava com a minha ‘Fe’ e a proteção dos meus orixás. Tava precisando dividir isso!"
Depois de ler isso, fico me perguntando qual o direito que temos de questionar a preferência religiosa de quem quer que seja e ainda ofender o irmão que passa. O tempo dos tribunais da inquisição, Graças a Jah, Olorum, Jeová, já passou.
Vivemos numa terra sincrética, na Cidade do São Salvador, onde se reza no Igreja do Bomfim e na saída, na descida da Ladeira da Colina Sagrada, come-se um acarajé (comida oferecida a Yansã), de quebra vai na sessão de descarrego da IURD e se não funcionar, se o bicho continuar pegando, corre-se ao Centro Espírita para tomar passe e afastar os maus espíritos. Gerônimo bem disse: "Nessa cidade todo mundo é D'Oxum, homem, menino, menina ou mulher...". Assim é a Bahia de Todos os Santos, Orixás, Espíritos de Luz e Espíritos Santos.
Não é possível que queiramos impor nossas convicções às pessoas "goela abaixo!" A verdade é única e universal, porém há vários caminhos de se chegar nela. Deus, na sua perfeição, não pretere nenhum nenhum de seus filhos, não faz acepcia de pessoas, afinal estamos todos em pé de igualdade aos olhos Dele.
Reflitamos sobre isso. Qualquer forma de preconceito é execrável!!!! Aqui vai um recado de um baiano, nascido na Cidade do São Salvador: "Intolerância religiosa aqui não, viu, mô pai!"
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Contra a homofobia
As declarações racistas e homofóbicas do deputado federal Jair Bolsonaro, fizeram com que o tema da homofobia viesse à tona no cenário nacional. Acredito que agora estamos tendo um debate qualificado e verdadeiramente democrático, onde partes contrárias e á favor, discutem abertamente, expondo seus pontos de vista.
Foi lindo ver meus amigos Genilson Coutinho - fotógrafo e editor chefe do site Dois Terços (www.doistercos.com.br) - e Gilmário - Psicólogo, discutindo no programa de Rita Batista - Boa Tarde Bahia, da Band - o tema. Colocações extremamente coerentes e lúcidas.
Debates como esses precisam ser cada vez mais estimulados. A sociedade brasileira precisar comentar, pensar, raciocinar esse assunto. Não dá mais para ficar no escuro, ou fingir que tudo é lindo e que nada de ruim acontece.
Não podemos deixar a peteca cair. O momento é propício para aquisição de direitos e o mais importante: a conscientização da população brasileira. Vamos em frente, pois a marcha é grande e os desafios enormes.
Foi lindo ver meus amigos Genilson Coutinho - fotógrafo e editor chefe do site Dois Terços (www.doistercos.com.br) - e Gilmário - Psicólogo, discutindo no programa de Rita Batista - Boa Tarde Bahia, da Band - o tema. Colocações extremamente coerentes e lúcidas.
Debates como esses precisam ser cada vez mais estimulados. A sociedade brasileira precisar comentar, pensar, raciocinar esse assunto. Não dá mais para ficar no escuro, ou fingir que tudo é lindo e que nada de ruim acontece.
Não podemos deixar a peteca cair. O momento é propício para aquisição de direitos e o mais importante: a conscientização da população brasileira. Vamos em frente, pois a marcha é grande e os desafios enormes.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Rompendo paradigmas
Semana passada fui procurado por uma jornalista da Rede Bahia. Ela estava produzindo uma matéria sobre os novos tipos de família e as suas estruturações e um dos seus enfoques era, justamente, família constituídas por casais homoafetivos. A matéria foi publicada no site do Correio 24 hs e no Portal Ibahia, dois grandes veículos de comunicação.
O resultado foi espetacular! A matéria é de uma delicadeza e sinceridade fora do comum. Parabeniso a jornalista Andrezza Nicolau pela lucidez de seu texto.Fiquei extremamente feliz em poder contribuir com a minha verdade, com o que vivo para tentar diminuir o preconceito que ainda existe em nossa sociedade.
Vejam aqui o link da matéria
http://www.portalibahia.com.br/p/redacaoibahia/comportamento/17566-novas-formas-de-relacionamento-mudam-estrutura-das-arvores-genealogicas
O resultado foi espetacular! A matéria é de uma delicadeza e sinceridade fora do comum. Parabeniso a jornalista Andrezza Nicolau pela lucidez de seu texto.Fiquei extremamente feliz em poder contribuir com a minha verdade, com o que vivo para tentar diminuir o preconceito que ainda existe em nossa sociedade.
Vejam aqui o link da matéria
http://www.portalibahia.com.br/p/redacaoibahia/comportamento/17566-novas-formas-de-relacionamento-mudam-estrutura-das-arvores-genealogicas
domingo, 9 de janeiro de 2011
Que venham os ventos...
É incrível como nossa vida parece ter sido construída como um castelo de areia, que vê suas estruturas serem arremessadas ao ar pelo vento para num novo momento, em outro contexto, formar um ser totalmente novo.
Esses são os ventos da mudança, capazes de nos tirar da terra firme, remover os nossos alicerces e nos colocar em situação não imaginadas.
É o movimento constante da vida que nos convida sempre a nos renovar, refrescar e aspirar coisas novas.
Faço como Mary Poppins que sempre atendia o chamado do vento que a convidava a viver um novo desafio. Quando o vento mudava de direção ela simplesmente abria o seu guarda-chuvas e deixava que ele a soprasse para uma nova tragetória... um novo desafio... novas conquistas... sem medo de ser feliz.
Guarda-chuvas a aberto!!! Que venham os ventos...
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Um passo para o reconhecimento
Recebi com muita alegria a notícia de que, em 2011, casais homoafetivos, que vivem uma união estável por mais de 5 anos, poderão incluir seus companheiros como dependentes na declaração do imposto de renda.
Isso é um avanço considerável. Aos poucos vemos que vai se delineando no Brasil, mesmo que de forma tardia, o reconhecimento e a legalização civil da união entre casais homoafetivos. Vemos em várias cidades do país pareceres e julgamentos favoráveis. Alguns planos de saúde já aceitam colocar o parceiro como cônjuge, em outros casos é possível transferência dos bens em caso de morte, o IBGE incluiu no senso 2010 a opção de casais gays e agora essa notícia no imposta de renda 2011.
O caminho é árduo e muitos obstáculos precisam ser vencidos. Não é possível que o Brasil vá ficar atrás da Argentina. Está mais do que na hora de reconhecer a união civil entre casais homoafetivos, afinal somos cidadãos como quaisquer outros, pagamos impostos, cumprimos com nossos deveres e obrigações. Nada mais justo que nosso pais nos reconheça e nos ofereça políticas públicas que nos confiram dignidade e por que não dizer reparação.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Assinar:
Comentários (Atom)

