quarta-feira, 13 de abril de 2011

Deseducação à baiana

Dia desses estava eu dando um mergulho no rio represado do condomínio quando ouvi o síndico conversando com um grupo de moradores. Ele reclama da falta de educação de nós, baianos. Ele, claro, não era daqui, mas mora no Estado há anos e por isso podia falar com conhecimento de causa. Em seu discurso falava como as pessoas deixam o latinhas de cerveja na beira do rio, subiam nas árvores frágeis, arrancavam frutos ainda verdes, jogavam bola em locais inapropriados, levavam embora vasos de flores ou mudas de árvores recem plantas na área comum a todos, quebravam os equipamentos de lazer recem colocados, entre outras coisas. Detalhe: o condomínio fica em Jauá, com mansões para todos os gostos, uma mais linda e enorme do que a outra.

Inicialmente sua fala me incomodou. Afinal sou baiano!! O bairrismo saltou à minha cabeça e a língua começou a coçar. Como pode um "forasteiro" vir falar de minha gente, do meu povo, de mim!!!!

Mas, antes que eu pudesse me intrometer na conversa algumas cenas começaram a passar como filme em minha cabeça. Lembrei do dia em que vi uma senhora jogar pela janela do ônibus um sabugo de milho que ela acabara de comer; De um rapaz que jogava milhares de santinhos da janela de seu carro em movimento; Da imundice que é qualquer banheiro público ou estação de transporte em nossa cidade; Das pessoas que colocam lixo nos locais de coleta depois que o carro do lixo passa; Da quantidade de chicletes colados no chão da estação mussurunga, que quase não se vê o asfalto; Da quantidade de sacos plásticos e outros tipos de materiais depositados no mar da Ribeira; Do fedor de urina de alguns becos, ruas, praças e calçadas; Das pessoas que roubam fios de cobre da iluminação pública; Dos equipamentos públicos de lazer quebrados sem nem ao menos serem inaugurados; Das barbeiragens e desrespeitos no trânsito da cidade.... A lista é enorme!!

Automaticamente, fui traçando um paralelo com outras cidades que visitei como Curitiba, São Paulo, Brasília e Recife. A constatação não poderia ser pior: realmente, o síndico tem razão. Eu não tinha argumentos... preferi não entrar na contenda.

Nosso povo ainda é muito mal educado. Parece-me que ainda vivemos no tempo do Brasil Colônia, onde Salvador, apesar do status de capital primaz do Brasil, ainda era uma província. Aliás, até hoje nossa cidade (incluso seus moradores e representantes do poder público) se comporta com provinciana.

Amo a minha cidade. Aqui é o berço do Brasil, celeiro da cultura motriz que impulsiona nosso imaginário coletivo e que nos identifica. Contudo, é lastimável que na nossa "Roma Negra" a falta de educação fale muito mais alto.

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